Hoje se estima que existem aproximadamente 12.000 espécies de aves em todo o mundo. Dessas, conforme última atualização do CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos) feita em Julho de 2021, 1.971 espécies ocorrem no Brasil.
Dessas 1.971 espécies que ocorrem no Brasil, 293 espécies são endêmicas (só existem no Brasil).
Nesta página publico alguns registros feito no exterior, independente de serem espécies que ocorrem também no Brasil.

garça-moura-europeia (Ardea cinérea) – Delta do Ebro – Espanha – 10/2022. No Brasil, ocorre na ilha de Fernando de Noronha.
garça-moura-europeia (Ardea cinérea) – Delta do Ebro – Espanha.
Por ser devoradora de “pragas” (?) nos extensos arrozais esta espécie é privilegiada na hierarquia de “quem tem direito à vida” ditada por nós humanos. Aqui neste país “civilizado” ela tem melhor sorte do que sua “prima” a nossa garça-moura, sem falar nas outras espécies como as galinhas, vacas, porcos e perus (pobre deles na época de Natal) que diariamente, aos milhares, sob essas mesmas leis são “assassinadas” para saciar a fome de uma população humana (?) cada vez mais faminta.
Aqui na Espanha, comendo uma paella de arroz negro (um polvo foi morto…) com mariscos, lulas, e outros bichinhos que viviam livres nesses mares, quem sou eu (privilegiado exemplar da espécie humana) para julgar?!

Pintassilgo-europeu (Carduelis carduelis) – (ocorre no Sul do Brasil, provavelmente devido a escape de cativeiro no Uruguai).
Pintassilgo-europeu (Carduelis carduelis) – Parque Natural de Aigüamolls de L’Empordà – Girona – Catalunha – Espanha.
Quin ocell és aquest? (ou ¿Qué pájaro es este?)
Vinte dias conhecendo melhor este povo que foi obrigada a se curvar para um reino estranho. Um reino que passou a denomina-los Catalunha e não Catalunya um reino que quer que digam “pájaro” ao invés de “ocell”…
No meio de tudo isso, encontro este lindo passarinho (ou seria um ocell ou um pájaro?). Esse pequenino que, por sua beleza e seu belo canto já foi aprisionado em gaiolas e trazido para a américa. Fugindo da gaiola e impossibilitado de voltar, passou a viver também no Uruguai e Rio Grande do Sul, sendo hoje considerado também espécie Brasileira.
Diferentes dos humanos com seus “pájaros, ocells, Birds ou passarinhos, em qualquer parte do mundo eles se vestem da mesma forma e “falam” a mesma língua.
Olhando para este passarinho que canta da mesma forma que aquele que já vi lá no Chuí, me questiono por que dizer que prender pássaros em gaiolas é uma atitude “desumana”. Quais outros animais são capazes de fazer essas atrocidades?

Grifo-comum (Gyps fulvus) – Aínsa-Sobrarbe é um município da Espanha na província de Huesca – Espanha (Pirineus) – (não ocorre no Brasil).
Grifo-comum (Gyps fulvus) – Aínsa-Sobrarbe é um município da Espanha na província de Huesca – Espanha (Pirineus).
Aínsa-Sobrarbe é um município da Espanha na província de Huescaé um município da Espanha na província de Huesca, Pirineus. Tinha 2.095 habitantes, em 2008.
Que ave é esta? (¿Qué pájaro es este?)
A paisagem era deslumbrante, abaixo, as profundezas de um vale coberto pelas matas, ao lado um paredão de rochas que apontam para o alto. Olho para o céu e vejo um bando de majestosas aves voando em círculo. “Surreal!” foi a minha expressão.
Faço alguns registros e procuro identificar a ave, um grifo comum.
Por quê comum?
Para mim, elas nada tinham de “comum”. Indivíduos fortes, imponentes, únicos.
Uma ave que vive a quatro horas, bem caminhadas, além de onde se pode chegar de carro pelas estradinhas entre paredões e penhascos, com espelhos instalados nas curvas (para que se possa cruzar com outro veículo), longe dos cafés e restaurantes de Madrid ou Barcelona, numa região de milhares de hectares de matas e montanhas desabitadas.
A muitas horas da Espanha que conhecemos, comendo tapas, sentado em uma pedra como faziam nossos avós, estou conhecendo agora uma Europa mais próxima daquela que eles deixaram para vir “fazer a América”.
Uma ave NADA comum me ajuda a conhecer melhor a Espanha, uma Espanha que o turismo comercial não mostra, enfim, as aves estão me ensinando a conhecer melhor o mundo em que vivemos, um mundo “despido”, um mundo real.

Trepadeira-do-sul (Certhia brachydactyla) – Mérens-les-Vals – França – 10/2022. (não ocorre no Brasil).
Trepadeira-do-sul (Certhia brachydactyla) – Mérens-les-Vals – França – 10/2022.
Mérens-les-Vals fica nos Pirineus. É uma (minúscula) comuna francesa na região administrativa de Occitânia, no departamento de Ariège. Em 2018 tinha 172 habitantes.
Que ave é esta? (Quel oiseau est-ce?)
O bichinho passou como um raio e pousou numa árvore logo acima da minha vista. Peguei a câmera que estava no chão a meu lado e fiz este registro.
Vivendo nos altos dos Pirineus, a trepadeira não se importa com o Sul ou Norte, não questiona se ali é França ou Espanha. Se ela pudesse dar um nome a si própria, certamente não seria pelo que ela faz (trepadeira), nem por onde foi “descoberta” (sul). Ela é única.
A trepadeira estava ali, grudada numa árvore acima da piscina natural de água sulfurosa que vertia da rocha a mais de 40° C, e onde descansávamos sentados com a água até o pescoço, depois de três horas de subida íngreme, passando por um pequeno vilarejo medieval.
Muito distante de Paris e da França que conhecemos, comendo um autêntico baguete de pão francês, sentado em uma pedra como faziam os povos medievais, estou conhecendo uma Europa mais “verdadeira”.
Uma ave pequenina, que não se importa com a divisão de estados, me ajuda a conhecer melhor a França, uma França que o turismo comercial não mostra.
Definitivamente, as aves estão me ensinando a conhecer melhor o mundo em que vivemos, um mundo “despido”, um mundo real.
Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus) – Delta do Ebro – Tarragona – Espanha 10/2022 (ocorre no Brasil).
Registro feito em uma extensa plantação de arroz irrigado (inundado), cuja técnica de produção embora semelhante ao que se usa no Brasil, está muito à nossa frente, especialmente no que se refere à infraestrutura e cuidados com o meio ambiente.
Por que o diferente nos atrai tanto?
Somos exploradores (pesquisadores) por natureza… Logo que aprendi a andar, também aprendi a usar um bodoque e saía atrás das aves diferentes porque queria chegar pertinho delas, queria pegar elas, queria arrancar uma pena para a minha coleção…
Os tempos mudaram para mim, agora o pensamento é outro, arrancar uma pena, nunca mais… Agora saio por aí, “caçando” sem abater, “capturando” sem prender numa gaiola, “colecionando” sem arrancar uma pena e “exibindo” a “caça”, de forma que ela nem mesmo saiba disso…
Pisco-de-peito-ruivo (Montserrat – Espanha) 10/2022 (não ocorre no Brasil).
Registro feito na Abadia de Montserrat, localizada no Monte Serreado, no município de Monistrol de Montserrat, na província de Barcelona, na Catalunha – Espanha. É um mosteiro beneditino que abriga a famosa imagem de Nossa Senhora do Monte Serreado, a padroeira da Catalunha.
Um passarinho diferente.
Ele não é diferente por morar no mosteiro de Monserrat, ele apenas é diferente por ser de outra espécie. Os valores dos passarinhos são diferentes dos nossos…
Ele não se veste diferente dos seus “irmãos” que moram nos Pirineus ou nos subúrbios de Barcelona. Enfim, ele está “cagando” para os nossos valores e vi isso quando este pequenino, que sobrevoava as estátuas do mosteiro, pousou e fez cocô sobre a cabeça de um dos profetas… literalmente ele está “cagando” para as nossas relíquias…

estorninho (Sturnus vulgaris) – (Ocorre no Brasil, provavelmente resultado de introdução da espécie no Uruguai).
Estorninho (Sturnus vulgaris) (Ocorre no Brasil, provavelmente resultado de introdução da espécie no Uruguai).
Registro feito em Montblanc, cidade localizada na província de Tarragona, comunidade autónoma da Catalunha – Espanha – 10/2022. A cidade tem 91,1 km² de área e em 2021 tinha 7 433 habitantes.
No final da tarde em Montblanc, bem em frente ao prédio medieval onde eu me hospedava, os estorninhos se enfileiravam nas torres do castelo.
Bem embaixo deste portal, fica o local onde São Jorge teria matado o dragão, fato que deu origem à lenda.
Enquanto o sol não se põe, aproveito então para observar os estorninhos e também pedir “instruções” ao santo para aprender a lidar com os dragões que, às vezes perturbam a minha vida,